Vilar de Ferreiros, freguesia do concelho de Mondim
de Basto, localiza-se a cerca de cinco quilómetros
da margem esquerda do Tâmega. Detentora de uma
área de 1587 hectares, esta freguesia é
composta pelas povoações de Vilar de Ferreiros,
Cainha, Campos, Covas, Pedreira, Vila Chã e Vilarinho,
e confina com as freguesias de Mondim de Basto, Atei,
Bilhó e Ermelo. Atravessam esta freguesia o rio
Ribeira Velha, o rio Cabrão e o ribeiro do Vale
Mau, que vão desaguar no rio Cabril.
O povoamento deste território iniciou-se bem
cedo, devendo remontar a épocas pré-romanas,
como atestam os vestígios de fortificações
castrejas localizadas, estrategicamente, pelos montes
Farinha, Palhaços e Palhacinhos. No final do
século XIX, o pároco desta localidade,
o reverendo Joaquim Maria Rodrigues de Morais, fazia
a descrição destes castros, dizendo que
naqueles montes se viam “largos cordões
de pedra em montão, ruínas de muros antiquíssimos,
que a tradição local diz serem obras de
mouros”. A população diz que pelo
monte dos Palhaços desce uma estrada romana subterrânea
que vai sair no sítio chamado Furaco, junto ao
Tâmega.

Apesar de nunca ter havido um despovoamento total
destas terras, nos início da Nacionalidade, registou-se
um repovoamento. Nas Inquirições de 1220,
“Sancto Petro de Ferraries” era já
mencionado como um reguengo ou propriedade da coroa.
Por esta altura ou seja, no século XIII, Vilar
de Ferreiros era um município, onde havia um
regime de pequena municipalização. Contudo,
o concelho medieval de Ferrarias não se manteve
por muito tempo, acabando por entrar no termo de Mondim.
O conde D. Pedro, filho bastardo de D. Dinis, no seu
testamento de 1350, ordena que os seus bens em Mondim
de Basto e Ferrarias ficassem para D. Teresa Anes de
Toledo, que com ele vivia.
Em 1514, D. Manuel I concedeu foral novo a S. Cristóvão
de Mondim, contemplando terras de Vilar de Ferreiros.
Nos séculos XVII e XVIII, esta terra aparece
no padroado dos marqueses de Marialva.
O seu topónimo “Vilar” deriva de
“villa”, que originariamente significava
quinta ou herdade onde viviam os caseiros com as suas
famílias, mediante um pagamento ao senhor da
vila. O termo toponímico “de Ferreiros”
surgiu passado algum tempo, devido à necessidade
de distinguir esta localidade de outros Vilar do Norte
do país. Segundo alguns autores, esta denominação
associa-se à abundância de ferreiros nesta
povoação em tempos remotos.

Miguel Torga, acerca desta freguesia de beleza ímpar,
deixou-nos as seguintes palavras: “Empoleirado
neste miradoiro, solto os olhos por metade de Portugal.
Montes, rios e vales edénicos, genesíacos,
como que acabados de sair das mãos do Criador.
A natureza na sua primitiva decência, desabitada,
limpa de toda a mácula humana. Nem sequer tocada
pelo pasmo de quem a contempla.”
O orago desta acolhedora freguesia é S. Pedro,
cuja festa se celebra, em Portugal, a 29 de Junho.
Simão, natural da Galileia, era filho de Jonas
e pescador de profissão. Tinha uma pequena frota
de barcos pesqueiros, em sociedade com o Tiago, João
e o seu irmão André. Durante uma época
de pesca fraca, o seu irmão André encontro
Jesus e comentou o acontecimento com Simão. Este
quis conhecer o “messias”, que o elegeu
um dos seus escolhidos, dizendo-lhe: “a partir
de hoje vais chamar-te Pedro”. A partir desse
dia, Simão deixou de ser pescador para ser Pedro,
o principal apóstolo. Foi ele que, na companhia
de João, foi encarregado de preparar o cenáculo,
para a celebração da Páscoa.
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